Munição da viagem: Cogumelos Mágicos


Local de uso: República de uns amigos 
Data do consumo: 19/11
Obs.: Fiquei de jejum o dia inteiro, ate come-los. 
Com esses dias de chuva que está rolando nessa linda cidade de Pirassununga, tivemos a ideia de caçar uns cogumelos no pasto. E que brilhante ideia foi essa!! Chegando no pico encontramos vários cogumelos, todo lado que você virava a cabeça aparecia uma colônia esperando para ser colida, parecendo baús de tesouro deixados pelos Gnomos/Duendes (continuem fazendo esse lindo trabalho!! Hahah). Depois de umas 2h de procura resolvemos finalizar a caçada obtendo um resultado esplêndido. 
Chegando em casa fui logo preparar um brigadeiro para disfarçar o gosto horrível que é o do cogumelo. Então nos encontramos no quarto de um irmão, que é o mais alucinante possível, com uns grafites nas paredes de cogus e olhos que atiram laser!! Começamos a comer umas 20:00, cada um comendo a quantidade que achava ideal para a experiência. Para falar a verdade eu nem lembro quantos comi HAHAHA mas devo ter parado provavelmente no 8° cogumelo, variando entre pequenos e grandes.
Passaram-se 17 minutos jogando papo fora, quando de repente comecei a sentir uma leveza, alguns podem dizer que seria uma paz de espírito. Dei um sorriso, porque sabia que estava “batendo” e fui conferir na tela de bloqueio do meu celular, que é uma imagem com vários duendes na floresta colhendo cogumelos mágicos para fazer um chá, recendo a ajuda de umas fadinhas e gnomos. E adivinha...
É meus amigos, em 17 minutos eu estava vendo essa imagem em HD, com todos os seres presentes nela em perfeita sincronia e harmonia, parecendo que todos estavam dançando. Virei para meu amigo e compartilhei essa sensação falando que já estava louco hahah. Mas como ele não tinha comido (porque estava se preparando para uma experiência com DMT) disse que era impossível, que era placebo. HÁ, bobo ele, porque se aquilo fosse placebo, imagina a brisa por inteira! (agora confesso que aquilo era só o efeito superficial mesmo, misturado com um verdinho do bom hahah). Porém ignorei o comentário e voltei para o meu “ninho” me aprofundando mais no visual magnífico que é o do cogu. Olhei para a parede e a assinatura de um amigo estava flutuando na tinta branca, fazendo um efeito 3D sensacional que combava perfeitamente com a luz vermelha do quarto. Olhei para o grafite de cogumelos logo em cima e lá estavam eles, dançando no ritmo da música e com uma coloração realçada como nunca foi!
Não lembro ao certo quanto tempo se passou, mas com certeza umas 21:30 a brisa começou a ficar mais séria. Parecia que eu estava em um sonho, porém acordadíssimo e meu sonho foi mais ou menos assim:
Fechei meus olhos por um tempo, com as pernas cruzadas e postura perfeita. Estava enxergado várias formas tridimensionais e milimetricamente simétricas, quando de repente pensei que seria bom pensar em imaginar sensações/sentimentos felizes que envolviam por exemplo minha família, amores e gestos de harmonia. Nisso eu sentida uma vibração super positiva que parecia iluminar o quarto inteiro (ainda com meus olhos fechados). Sentia que quanto mais eu pensasse nessas alegrias, mais as pessoas ao meu redor ficavam felizes também, foi muito bom saber que você poderia mudar a vida de uma pessoa para melhor só com o seu pensamento, com sua IMAGINAÇÃO.
Quando abri meus olhos, vi dois amigos comemorando, isso alimentou a minha brisa de uma forma muito engraçada, porque logo associei que eles eram meus mestres e que estavam comemorando pelo sucesso que o experimento (eu) tinha dado certo. (Como o cérebro brinca com a gente, não é mesmo? HAHAHA). Olhei para for e vi que estava chovendo, sabia que me banhar na chuva iria trazer uma alegria sem igual, e foi sem palavras a sensação! Tirei a camiseta, prendi na cintura de uma forma que ela ficou parecendo um cordão de capoeirista e joguei os braços para cima. 
Comecei a respirar fundo e senti uma agonia lá do fundo, que misturava o prazer de dançar com o prazer de lutar. Então resgatei meu sangue baiano e comecei a soltar a ginga da capoeira, com os movimentos fluindo como água, cada golpe se conectando com o próximo. Sem dúvida foi a melhor roda de capoeira que eu já fiz parte!! (Que por mais incrível que pareça, só tinha a minha imaginação me acompanhando. Eu amo você cérebro!) 
Não sei novamente quanto tempo se passou, mas a brisa foi ficando mais forte e mais forte. O sonho foi fluindo até chegar a um ponto em que eu estava num Universo Paralelo onde nós vivíamos em um país fascista, controlado pelo Exército. E a República em que eu estava era uma base militar da resistência “Rebelde”, onde tentávamos encontrar um jeito de acabar com esse Sistema (E esse jeito era a minha imaginação! Só que demorei muito para perceber isso).
Quanto mais tempo se passava, parecia que o cerco ia se fechando mais e mais, com perigo da resistência cair. Num gesto desesperador de fugir da repressão, subi no telhado da edícula usando o muro do vizinho como apoio (só que nesse muro tinha aquelas lanças de segurança contra ladrões, que ocasionou em um furo no meu pé). Chegando no telhado procurei uma saída mais fácil possível, que não alertasse os supostos “militares”, porém não encontrara nenhuma. 
Deitei de bruços nas telhas molhadas e pensei que aquele era o fim, que iria passar o resto da vida em uma cela sem poder desfrutar as maravilhas que o Universo oferece. Com esse pensamento, fechei os olhos e comecei a imaginar em coisas boas que iria perder... E de repente veio aquele brilho de alegria novamente e uma voz de não sei de onde sussurrou “Imagine”. Dei um sorriso e pensei em todas as coisas boas que aconteceram comigo desde que eu era pequeno até o momento. O clarão começou a ficar mais forte e senti o “mal” perdendo forças e sumindo aos poucos.
Abrindo meus olhos, percebi que estava a um pulo de distância do telhado do vizinho, porém não sentia mais a sensação de querer fugir, então sentei ali de pernas cruzadas olhando para o céu. E como o céu estava lindo, com poucas estrelas, mas as nuvens estavam em formas simétricas e muito realçadas. Olhei para a cidade e percebi que as cercas que antes estavam em volta da cidade, não estavam mais lá. 
Ouvi uma voz familiar e reconheci a silhueta do meu amigo do começo, que iria usar DMT. Ele perguntou se eu estava bem, então respondi “Nunca estive melhor!”. Com um sorriso no rosto, o mesmo falou para eu descer do telhado, porque o perigo tinha passado. Mas quando ele falou isso, tinha esquecido que estava lá em cima, então comecei a andar normalmente em sua direção, passando do telhado da edícula para o telhado do canil, que é mais baixo. Porém o telhado do canil é composto por telhas soltas e finas, que resultou na minha queda HAHAHA felizmente gerando apenas alguns hematomas e arranhões. 
Depois da queda começamos a rir absurdos por causa do acontecido, resolvemos voltar para casa e tomar um banho para renovar as energias. Fui para o “quarto alucinógeno” pegar meu celular e conferir se ainda estava alto de cogumelos. E lá estava aquela imagem HD, porém tinha um toque diferente, parecia que as árvores se conectavam com o céu e a terra ao mesmo tempo, fazendo uma ligação que parecia estar havendo uma troca de energia sem igual.
Voltei para a realidade um pouco para conferir que horas eram, pensando que já estava super tarde (umas 4h da matina). Mas não! Eram apenas 23:30h! Só se tinham passado 3 horas que eu tinha colocado o primeiro cogumelo na boca e parecia que a viagem tinha durado uma vida inteira.
Chegando em casa tirei as roupas e entrei no chuveiro, aliviado pelo sentimento da água morna escorrendo pelo meu corpo. Fechei os olhos e comecei a pensar em coisas boas novamente. Não sei como explicar o ocorrido, mas vou me esforçar:
A vibração que senti foi tão magnífica que fui capaz de enxergar (de olhos fechados) um clarão muito forte que aquecia meu corpo inteiro, me fazendo arrepiar da cabeça aos pés. Antes de abrir o olho e desvendar o que era aquela luz, passei a mão sobre os olhos para tirar o cabelo molhado da vista, porém sabia que com aquele movimento o clarão iria desaparecer. Dito e feito, a luz não estava mais lá, no entanto uma parte da cortina do box que eu tenho certeza que tinha fechado, estava aberto.
Bom, não consigo decifrar até agora o que o clarão era, talvez minha imaginação ou talvez não. Só sei que pude extrair/aprender muito sobre mim mesmo com essa “viagem”, proporcionada pelos nossos queridos amigos Cogumelos Azuis! Fui para cama e custei pra dormir, mas quando adormeci foi um sono tão gostoso e sem sonhos, foi maravilhoso. Recomendo a todos pelo menos algum dia na vida ter uma experiência com cogumelos, menos apenas em doses homeopáticas
Esse foi o meu primeiro relato e espero que possa ter transmitido de alguma forma algo positivo na sua vida, caro leitor. Tenham uma boa noite e quem sabe até uma próxima! #paz

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